"Livros que se abrem têm asas de borboleta."
Marcelo Soriano

" As fadas voam pelo jardim, abrindo e fechando os seus livrinhos de borboletas."
Marcelo Soriano

Borboletas são pensamentos inquietos que escapam para pegar um pouco de ar.
Cristina Menna Barreto

Tenho muitas borboletas na cabeça e, às vezes, elas saem para passear.
Cristina Menna Barreto





AS BORBOLETAS

BENJAMIM



Era início de primavera,
Das estações, a mais bela,
Quando coloquei meu ovinho
Num aconchegante ninho,
Que eu mesma fiz.
E me pus a chocá-lo toda feliz.

Tudo tem seu tempo certo.

Era preciso chocar e aguardar,
Para conhecer meu filhote de perto.
Sentia muita ansiedade.
Seria uma longa espera,
Quase por toda a primavera.




Houve uma grande ventania

E, antes do prazo previsto,
Ao final de um dia,

Ouvi um esquisito barulhinho.
Era o meu filhotinho
Que bicava a casca do ovinho.






De tanto tentar,
Conseguiu a casca quebrar.
Nasceu Benjamim.
Quanta alegria para mim!
Do peito quase saltava meu coração,
Tamanha a minha emoção.




Cantei uma bonita melodia,
Pois queria dividir minha alegria.
Todos vieram e conheceram
Meu primeiro filhote.
Deram boas- vindas
E lhe desejaram muita sorte.



Depois partiram em revoada,
Andorinhas, bem-te-vis, rolinhas,
Colibris, maçaricos, chupins,
Periquitos, tuins, corruíras,
Trigueiros, saíras, coleiros,
Quero-queros e tico-ticos.

















Depois partiram em revoada,
Andorinhas, bem-te-vis, rolinhas,
Colibris, maçaricos, chupins,
Periquitos, tuins, corruíras,
Trigueiros, saíras, coleiros,
Quero-queros e tico-ticos.
O bebê precisava crescer forte,
Então tratei de buscar alimento.
Voava do sul para o norte,
Cruzava o firmamento
Num vai e vem sem fim,
Para não deixar só o Benjamim.

Quem tem boas amizades,
Daquelas de verdade,
Nunca está sozinho.
Sempre rondavam o ninho.
E, amiúde, tomavam uma atitude
- Xô, gavião! Aqui não!
















Quando chegou o verão,
Benjamim estava mais crescido,
Bonito e sabido.
Até agitava as asinhas.
Mas dependia muito de mim,
Sua mãe passarinha.
















Veio o outono
E com ele as penas de Benjamim.
Bem coloridas e lindas!
É tempo de aprender a voar
Para fugir dos perigos
E fazer novos amigos.



Com todo meu carinho,
Eu ensinava esta tarefa
Para meu querido pequeninho.
Ele batia as asas bem depressa.
Tentava e tentava voar,
Mas não saía do mesmo lugar.


Certa vez, levantou vôo,
Se manteve no ar em movimento,
Por um breve momento,
E logo voltou para perto de mim.
- Benjamim é só meu!
Eu pensei assim.



















No fundo eu sabia, tinha certeza,
Que meu filho amado
Pertencia ao mundo, à natureza.
O inverno se aproximava
E logo chegaria a hora
De ele ir-se embora.












O tempo passou como um vento.
Agora, Benjamim voava com segurança
E desenvoltura, para lugares
Cada vez mais distantes.
Estava bem preparado
Para o tão esperado instante.



O futuro o aguardava.

Quantas incertezas!
Mantive toda a firmeza.
E nós gorgeamos uma canção,
Uma canção de despedida,
Que guardarei na memória por toda a vida.









Daí, eu disse assim:
- Vá, Benjamim! Vá conhecer o que há do outro lado da montanha.
- Vá, Benjamim! Vá conhecer o que há do outro lado do mar.
Depois volte para mim,
Na próxima primavera,
Das estações a mais bela!

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